Médicos do Hospital de Três Pontas entram de greve e só atendem urgências e emergências

* Serviços estão funcionando em plantão de 12 horas. Cirurgias eletivas marcadas estão canceladas e só serão feitas quando os médicos receberem os salários de janeiro, fevereiro e março

Denis Pereira

Voz da Notícia

Os médicos que trabalham na Santa Casa de Misericórdia do Hospital São Francisco de Assis de Três Pontas, estão desde segunda-feira (25) trabalhando em regime de plantão. A decisão foi a única maneira encontrada para pressionar a direção do hospital a quitar os salários atrasados desde janeiro, quando eles receberam apenas 70% do valor devido. De lá para cá, nos meses de fevereiro e março, nenhum pagamento foi feito aos profissionais das áreas de pediatria, obstetrícia, anestesia, fisioterapia e da UTI.

Cerca de 30 profissionais já estão desde o ano passado expondo a situação à direção, porém sem sucesso. A pelo menos 30 dias, o grupo decidiu parar as atividades e estão trabalhando na legalização do ato. Ministério Público, Associação Médica, Delegacia de Polícia, Secretaria Municipal de Saúde e a prefeita Luciana Mendonça foram notificados da decisão e já estão cientes.



O médico anestesista Antônio Carlos Cassiano, recebeu a imprensa na manhã desta terça-feira (26) no próprio hospital e deu detalhes de como estão funcionando os serviços, sem prejudicar a população.

As cirurgias eletivas já marcadas, tanto através do Sistema Único de Saúde (SUS), particulares e convênios estão suspensas por tempo indeterminado. Só passarão por procedimentos os casos de urgência e emergência.

Por enquanto a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) está funcionando normalmente, porém nos próximos dias o atendimento deve ser diminuído a 30%, ou seja dos 10 leitos, apenas três estarão disponíveis, sempre com um plantonista.

O mesmo caso, dos setores de anestesia, obstetrícia e pediatria. Os médicos se dividirão em plantões de 12 horas por tempo indeterminado, até que a situação seja resolvida.

Dr. Cassiano explica que os médicos trabalham através apenas de um contrato verbal e não existe nenhum documento assinado, há pelo menos 8 anos. “Nós não recebemos nenhum benefício como 13º salário ou férias. Temos o compromisso, mas a direção do hospital não está honrando seus compromissos conosco”, afirma o profissional.

Segundo ele, quando chega o dia do pagamento, todo dia 20 de cada mês ninguém fala nada, sem vai pagar ou não, sem satisfação os médicos recebem. O anestesia acusa ainda a direção do hospital de explicar a situação ou pelo menos tentar negociar. Eles reconhecem que o repasse feito é pequeno porém só tem a informação de que o dinheiro está para chegar e que a direção está buscando ajuda com políticos para honrar os compromissos da Santa Casa.  

O administrador geral Rogério Abreu disse a nossa equipe que vai aguardar a veiculação da reportagem, para se reunir com o Conselho de Administração da Santa Casa para depois se pronunciar sobre o assunto, o que deve acontecer somente no início da próxima semana.



Os médicos anestesistas Antônio Cassiano e Márcio Mudrik explicam que situação está insustentável.
Esta foi a única maneira encontrada para receberem seus salários vencidos desde janeiro