quinta-feira, 23 de junho de 2011

Nany People é atração domingo em Três Pontas no Centro Cultural Milton Nascimento


 Na infância vivida no Sul de Minas, Nany People sonhava em fugir com o circo. “Queria ser ajudante do mágico”, conta a transexual que neste fim de semana volta a sua região de origem com o show “Então... Deu no que Deu”. Há 25 anos morando em São Paulo, Nany não dispensa as praticidades que uma cidade grande oferece, mas enfatiza: “a sensação é de que Minas nunca saiu de mim”.

A formação em teatro foi a base para a preparação da personagem que ganhou fama na televisão e agora satiriza a relação homem/mulher no espetáculo em formato stand up comedy. “O feminino sempre foi muito mal falado nesse ambiente do humor. Costumo dizer que vim para mostrar o nosso lado”.
Durante as apresentações, Nani conta sempre com muito humor, passagens de sua vida, que não estimulam somente o riso. “É uma coisa dúbia, vira meio auto-ajuda. Falo da minha ligação com a família, conto que ajudei a criar quatro dos meus sobrinhos. As pessoas que acham que vão ver um show GLS quebram a cara, por isso eu já aviso: vai preparado porque esse show vai mexer com os seus padrões”.
Nany People faz questão de enfatizar a importância da participação do público em seu espetáculo. “A plateia sempre foi deixada às traças, quando ela deve ser considerada como um elemento vivo”.
Sobre a onda de novos humoristas que surgiram a partir da disseminação do gênero, ela acredita que existe espaço para quem tem talento. “Tem o que o mar aceita ou manda de volta. Na minha época teve um surto que todo mundo queria ser dentista e vai ver o que aconteceu; a maioria não conseguiu fazer nem uma prótese e também tem o fato de que é muito mais barato fazer stand up que montar um espetáculo. A Internet ajudou a projetar esse tipo de humor, mas o gênero existe desde os tempos do teatro de revista com Oscarito, Grande Otelo... Eles entravam e faziam esse humor que vai para o lado jocoso. Depois veio o Mielle, Jô (Soares), o Chico (Anysio). A Geração Y tem essa mania de achar que a roda foi inventada depois que eles chegaram. O stand up comedy saiu do teatro e foi para o restaurante, onde o cara pode tomar uns ‘bonsdrink’ (citando a transexual Luisa Marilac) e paquerar uma ‘bunita’.”
Sem papas na língua, Nany People bate de frente contra aqueles que erguem a bandeira do humor politicamente correto. “Tenho preguiça. Pra mim não passa de um bando de gente mal resolvida. Hoje em dia rola muito ‘achismo’. Com a chegada do computador e da mídia social todo mundo ‘virou’ acadêmico. O humor tem realmente a canalhice com a ética, mas quando é feito com verdade não tem problema”.
Recentemente, Nany se envolveu em uma polêmica durante entrevista com o apresentador Marcos Mion, por comentários dirigidos a ela, considerados homofóbicos. “É complicado falar disso. Esse caso do processo contra o Mion. Se eu sou transexual eu sei o que eu tenho; ele não me atacou e não me feriu em nenhum momento”, explica. “Bullying é quando você é ultrajado, humilhado; quando a sua moral de conduta é infringida. Procuro fazer o meu trabalho sem amarras. As pessoas têm o costume de atacar quem está se destacando e os comediantes acreditam que quanto mais ácido o humor, quanto mais corrosivo, mais eles mostram o seu conhecimento de sopa de letrinhas, mas isso não passa de uma vaidade boba porque o humor quando é muito crítico desce queimando feito cachaça ruim.”

Além do Circo Teatro, que marcou sua infância, Nany cita como referências no humor, o ator Mazzaropi, a comediante Dercy Gonçalves, Elke Maravilha, os musicais, e as atrizes Lilia Cabral e Bette Middler. “No circo, eu gostava dos palhaços, dos equilibristas e do mágico. Com minha mãe assistia os filmes de Mazzaropi e com meu pai ouvia os discos de 78 rotações da Dalva (de Oliveira), Ângela (Maria), de Nelson Gonçalves”.
Dos primórdios, Nany relembra sua relação de amor com a cidade de Campinas, na qual viveu um momento inusitado,

A turnê pelo Sul de Minas teve início ontem quarta-feira em Poços de Caldas, com ingressos esgotados e até domingo passa por Varginha, Três Corações e em Três Pontas neste domingo as 20 horas no Centro Cultural Milton Nascimento.

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