Foto: Arquivo/ Equipe Positiva
* O aumento dos recursos financeiros empregados pelo governo federal em Minas Gerais é uma das principais lutas de Clésio Andrade no Senado. Em entrevista exclusiva a O TEMPO, ele explica como estão sendo feitas as reivindicações e adianta que obras devem ter início nos próximos meses
FONTE: JORNAL O TEMPO
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O partido do senhor, o PR, é da base da presidente Dilma Rousseff. No Congresso, como o senhor se posiciona: é de situação, oposição ou independente?
Eu tenho três compromissos. O primeiro é com Minas e com o povo mineiro. O segundo, com a base de sustentação da presidente Dilma, e nós estamos apoiando os projetos de interesse do governo. Como sou presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), o meu terceiro compromisso é com o setor transportador, principalmente na busca de melhorias na infraestrutura de transportes do país.
Ao mesmo tempo em que apoia a presidente Dilma, divide a bancada no plenário com o líder da oposição, Aécio Neves. Como é essa convivência peculiar?
A melhor possível. Os dois são extremamente corteses comigo. Eu tenho aprendido muito com o senador Itamar Franco, homem extraordinário, de muita visão, que nos orgulha. Também tenho conversado muito com o senador Aécio Neves sobre aquilo que é o interesse maior, Minas Gerais. Nas outras questões, nós temos nos posicionado de forma diferente porque os senadores Itamar e Aécio são oposição à presidente Dilma, e eu fico em favor de todos os projetos do governo federal. Tanto o Aécio quanto o Itamar e eu queremos levar investimentos do governo federal para o Estado porque, nos últimos dez anos, o governo federal investiu realmente muito pouco em Minas. Também não houve incentivos a empreendimentos industriais de porte, como ocorreu com Pernambuco, Paraná e diversos Estados.
Mas, quando o senhor reuniu um grupo de deputados para lançar o conjunto de propostas para recolocar Minas no cenário nacional, disse que ali se formava um grupo "Pró-Minas da Dilma".
Sim, mas a maioria dos pontos que nós defendemos nos une, como na questão dos royalties do minério, por exemplo. Já apresentei projeto para subir de 2% para 4%. Fizemos um diagnóstico da situação de perda de espaços por Minas e vamos trabalhar nesses próximos quatro anos para melhorar isso. Acredito que, em alguns pontos desse trabalho, poderemos ter o apoio dos senadores Aécio e Itamar.
Por que Minas Gerais tem perdido espaço?
Temos hoje no país um grupo de parlamentares do Norte e Nordeste que tem uma atuação muito coletiva - que é o que nós estamos fazendo agora em Minas Gerais. Assim, eles acabam tendo prioridade na definição de nomes, de posição política, de verbas para as regiões. Por outro lado, nós temos partidos políticos, como o PR e a maioria dos grandes, que estão com a Presidência em São Paulo.
O fato de termos uma mineira na Presidência facilita o trabalho?
Neste início de mandato, a presidente tem se mostrado uma guerreira com relação aos interesses do Estado, inclusive com posições que nos tem transmitido na solução das obras que estão sendo preparadas.
Quais obras?
Nós estamos intercedendo em favor da instalação de seis grandes empreendimentos em Minas, com empresas âncora. Vamos levar para a presidente Dilma para ela incentivar a instalação de indústrias de grande porte, como algumas da China: uma na região metropolitana, de peso, equivalente à Fiat; outra em Governador Valadares; outra em Montes Claros; uma em Uberaba ou Uberlândia; outra em Varginha ou Pouso Alegre; e a última na Zona da Mata.
O senhor também acompanha de perto os projetos rodoviários?
Hoje, esse grupo "Pró-Minas da Dilma" vai estar reunido na Assembleia Legislativa para apresentar os projetos a serem anunciados pelo ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, em Belo Horizonte, em torno do dia 20. Já temos pronto o projeto de ampliação e duplicação da BR-040, entre Ouro Preto e Ressaquinha. A licitação será publicada entre os dias 20 e 30. A segunda obra é a reformulação do anel viário de Belo Horizonte, que vai trazer grandes resultados para Minas Gerais. A terceira é o início da duplicação da BR-381, no lote oito, que vai da capital até um pouco à frente de Ravena. Teremos toda essa área pronta para, nos próximos meses, começar a licitar os lotes sete, seis, cinco e todos até João Monlevade.
O senhor está acompanhando a reforma do aeroporto de Confins?
A ampliação já está sendo licitada. A segunda pista vai ficar para esse segundo momento da privatização. O que nós defendemos junto à presidente Dilma é ver se antecipamos a privatização, de modo que possa ser feita toda a transformação necessária, inclusive a segunda pista.
O senhor também já apresentou no Senado um projeto que beneficia os municípios, não?
Apresentei uma proposta de emenda à Constituição para propor aumento da alíquota do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), de 22,5% para 26%, de extraordinária importância para o Estado porque vamos ter aumento em torno de 15% da receita para os nossos municípios. Quero ver se a gente consegue apoio da presidente Dilma. Achamos que atende também aos outros Estados e a todo o Brasil.
O que o senhor pensa do texto do Código Florestal que acaba de chegar no Senado?
A minha tendência é acompanhar a decisão que foi tomada na Câmara, realista, possível para o país. Até porque nós não podemos comprometer a produção rural: ela é fundamental para a alimentação do nosso povo, a exportação, as commodities.
O senhor já tem posição sobre a reforma política em discussão no Congresso?
Ela precisa ocorrer. Há dois pontos mais simples, muito bem acordados. Concordo com a mudança na data da posse do chefe do Poder Executivo. Acho que um suplente por senador é mais que suficiente, com poder igual ao de vice-governador e vice-presidente. Se um sucede, o outro também deve suceder, mas é uma questão que deve ser discutida depois. Outros pontos são polêmicos e, pelo que estamos sentindo, dificilmente chegaremos a um resultado.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) acaba de ser chamada para a chefia da Casa Civil. Como o senhor viu toda essa crise que levou à queda do ex-ministro Palocci?
Em um primeiro momento, assinei a CPI por entender que as informações estavam obscuras. Depois, Palocci deu as informações e o procurador geral Roberto Gurgel está o isentando. Eu retirei a assinatura. Entra na Casa Civil uma senadora da melhor qualidade, com capacidade de trabalho extraordinária, cautelosa e ao mesmo tempo rígida nas posições que precisa tomar. Acho que a presidente Dilma acertou em cheio, principalmente se for utilizar a senadora mais na questão gerencial.
O deputado federal Lincoln Portela será candidato pelo PR à Prefeitura de Belo Horizonte em 2012?
Eu acho que, no momento em que o PR tiver candidatura própria - seja com o Lincoln ou outro nome -, o partido deve ter. Eleição de dois turnos é assim mesmo, os partidos que puderem ter candidatos devem ter. Agora, não tendo candidato, vamos apoiar o prefeito Marcio Lacerda. Fazemos parte da base de apoio dele também e vamos seguir na mesma direção. Mas nós iremos discutir isso em breve para fechar uma posição única.
O senhor, que tem mandato no Senado até 2014, já pensa no que vai fazer depois?
Quero terminar meu mandato colocando Minas maior um pouco do ponto de vista dessas recuperações políticas e de investimento. Conseguindo isso, fico com o meu compromisso cumprido. O que vier para a frente vamos avaliar em cada momento, para saber da necessidade ou não de eu ser candidato. (Telmo Fadul).
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