quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Três Pontas registra dois casos de meningite nos últimos dois meses; mas situação está tranquila, afirma neurocirurgião

Uma criança de 12 anos passou por tratamento e se curou. Já um rapaz de 34 anos morreu semana passada. Inverno é o período mais comum e principalmente as crianças precisam de atenção especial. Evitar locais de grande aglomeração de pessoas, lavar sempre as mãos e nunca se automedicar, são dicas de prevenção a meningite


O neurocirurgião Alberto Luis de Sousa Andrade explica cuidados básicos necessários para se evitar meningite


O inverno pode causar danos bem maiores do que uma simples gripe. Por isso, todo cuidado é pouco nessa época do ano em que a aglomeração de pessoas em lugares fechados é constante, facilitando assim a contaminação de várias doenças. Uma delas é a meningite, que pode ser causada por vírus ou bactéria e infecta tanto crianças como adultos.

A meningite é uma doença que consiste na inflamação das meninges - membranas que envolvem o encéfalo e a medula espinhal. Ela pode ser causada, principalmente, por vírus ou bactérias.O quadro das meningites virais é mais leve, e seus sintomas se assemelham aos da gripe e resfriados. Não existe medicação para tratar o vírus, apenas hidratação, alguns antitérmicos e antiinflamatórios. Entretanto, a bacteriana - causada principalmente pelos meningococos, pneumococos ou hemófilos - é altamente contagiosa e geralmente grave, sendo a doença meningocócica a mais séria. Neste caso, são os antibióticos com dose correta aplicado geralmente endovenoso, a nível hospitalar o necessário.

Nos últimos dois meses, a Secretaria Municipal de Saúde registrou em Três Pontas, 2 casos da doença e um terceiro foi descartado nesta quarta-feira (10), de uma criança de apenas 7 meses que está internada na pediatria da Santa Casa de Misericórdia do Hospital São Francisco de Assis. Todos os casos foram acompanhados de perto pelo neurocirurgião Alberto Luis de Sousa Andrade.

O primeiro caso é de uma criança de 12 anos, que contraiu a doença do tipo pneumocócica, a mais branda. O menino que mora na zona rural, estava com dores de cabeça e febre, por isso, estava tomando analgésicos e antibióticos que não foram receitados pelo médico. Como os medicamentos não resolveram o problema, a família do garoto procurou o Pronto Atendimento Municipal com dor de cabeça forte, enjôo, agitação psicomotora e confusão mental. Só ai a criança recebeu atenção adequada, teve licor recolhido para exame que estava com aspecto turvo. Sonolenta, ela foi internada e levada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica de Alfenas, onde foi tratada, retornou para o Hospital de Três Pontas onde ficou internada mais alguns dias e foi liberada já curada da meningite.

O segundo caso, registrado na semana passada, com história de etilismo crônico, foi o mais grave, a meningite meningocócica em um homem de 34 anos. Com sintomas idênticos, como dor de cabeça e febre, o quadro também se repetiu, o rapaz passou a ficar agitado e confuso, com hipertonia no corpo. O paciente teve um trauma no crânio a cerca de dois meses. Internado na UTI em Três Pontas ele passou por exames e foi constatado que estava com a doença, esta, do tipo de infecção que se espalha por todo o organismo. Porém, a doença se evoluiu de forma muito rápida e em menos de 12 horas, o homem não resistiu e faleceu.  
Em todos os casos, os exames foram feitos pela Fundação Ezequiel Dias (Funed).

Dr. Alberto explica que a doença é transmissível e é preciso tratamento preventivo nos parentes próximos de quem a contraiu. No caso das crianças, o alvo de investigação é os colegas da escola. “O que a gente vê são crianças que já vem tomando antibióticos em doses inadequadas e escondendo o quadro e retardando o diagnóstico, afirmou o neurocirurgião.  Isto aconteceu ano passado. Quando uma criança demorou para ser diagnosticada, chegando ao estado grave e avançado da doença, porque estava tomando medicação não receitada pelo médico, de forma inadequada, com doses baixas. A criança conseguiu sobreviver sem sequelas, mas, correu grande risco de morte.

Apesar dos registros, ele tranqüiliza a população e afirma que não há preocupação quanto a uma possível epidemia, que a situação está dentro do normal. “O frio está acabando e os casos tende só a diminuir. Mas, ao perceber os sintomas da doença, é importante procurar um médico o mais rápido possível e nunca se automedicar, atitude comum ao brasileiro, que é muito perigosa”, orienta Dr. Alberto Andrade.