Rosana Tavares, líder dos professores divulgou nota respondendo a entrevista do consultor jurídico da prefeitura de Três Pontas Abrahão Neto, concedida à Equipe Positiva esta semana, sobre a questão do Piso Nacional dos profissionais do Magistério e sobre o reajuste dos 22.22%.
A nota na íntegra segue abaixo, assinado pelos professores da rede municipal de ensino
É impressionante o ponto a que pode chegar a
mesquinharia e o pouco caso para com a EDUCAÇÃO dentro do serviço público. Depois
de muitos, muitos anos de desvalorização e esquecimento, o Brasil fez uma LEI que
tem a finalidade de VALORIZAR A EDUCAÇÃO através de um SALÁRIO DIGNO para os
professores e que cumpre o que prevê o Plano Nacional da Educação: “QUE O
SALÁRIO DO PROFESSOR SEJA COMPATÍVEL AO DE OUTROS PROFISSIONAIS COM O MESMO
NÍVEL DE FORMAÇÃO”. É a lei 11.738/08
que institui o PISO SALARIAL NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO. O país conseguiu criar o FUNDO NACIONAL DE
DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA - o FUNDEB - com o mesmo intuito de VALORIZAR A EDUCAÇÃO: 40% desta
verba deve se usado na Educação em geral e 60% deve se aplicado no PAGAMENTO
DOS PROFESSORES. E ainda está numa luta ferrenha para que 10% do PIB seja
destinado à educação. É um bom caminho!
O índice de
crescimento do FUNDEB é o custo-aluno-benefício - que este ano foi de 22,22%. O
índice do reajuste do salário dos professores - por lei - são os mesmos 22,22%
conforme divulgou o MEC. É este índice de reajuste que nós, os professores, estamos
cobrando - é nosso direito: o custo-aluno subiu, a verba aumentou,
proporcionalmente os 60% aumentaram também. Nem é preciso ser professor de Matemática
para perceber isto: é a lógica. Disseram: “Não
há que se falar no repasse automático desta porcentagem...” interessante,
se o repasse não é automático, o que será feito do restante dos 60% da verba
que OBRIGATORIAMENTE tem que ser aplicada no salário do professor? Vai ser
devolvida para a União? Desde 2008 este dinheiro tem sido devolvido para a
União?
Se formos fazer as contas, percebemos na ponta do
lápis que Três Pontas não paga o piso integralmente: respeitamos a proporcionalidade:
não queremos receber por 40 horas se trabalhamos 24; aqui não é respeitado o
nível de formação do professor pois, quem ler a lei – e nem precisa ser
professor de Português para entender isto, - percebe claramente que o piso de R$1.451,00
é para professor com nível médio de formação, subindo, de acordo com o plano de carreira a cada nível
de formação: praticamente não existem mais professores só com o Normal antigo(nível
médio) e os professores dos anos iniciais recebem como se só possuíssem licenciatura
curta – o edital do concurso não era de acordo com a lei do Piso; e mais: nós
não recebemos o terço extra-
-classe
que a lei 11.738/08 prevê.
Tudo isto foi incansavelmente discutido com a
assessoria jurídica da prefeitura que chegou à conclusão – pela lei - de que
nós tínhamos razão: que não havia outro jeito e que era necessário adequar
alguns pontos em nosso Plano de Carreira para que a lei 11.738/08 fosse
plenamente cumprida em Três Pontas. Disseram até que o executivo poderia alegar
que não tinha dinheiro, mas que, para cumprir a lei e valorizar a educação,
nosso plano de carreira precisava revisão e o salário precisava ser
ajustado ao piso. Porém, quando fomos conversar com o executivo, juntamente com
a mesma assessoria jurídica, qual não foi a nossa decepção ao perceber que
aqueles mesmos que concordaram que a lei estava do nosso lado, não concordavam
mais. E o executivo ainda disse que a verba da Educação dava para pagar o piso
aos professores, porém, se assim fizesse, teria que dispensar cargos
comissionados e que isto não seria feito.
A lei
11.738/08 já previa esta situação e, em 2008, alertou os administradores para que
se adequassem e “enxugassem as máquinas”. Então, a culpa de a folha de
pagamento da prefeitura esbarrar na lei de responsabilidade fiscal jamais poderá
ser da Educação, pois a verba do FUNDEB vai direto para a Educação (só não para
o bolso do professor). Se a prefeitura não se adequou nós é que iremos “pagar o
pato”? Não é questão de “ser respeitado o
valor mínimo aos servidores do magistério”, é questão de cumprir
integralmente a lei, aplicar os 60% do dinheiro da Educação no pagamento dos
professores e VALORIZAR EFETIVAMENTE A EDUCAÇÃO. É terrível a capacidade dos
"grandes" em retorcer a lei e minguar o direito daqueles que dão a
vida pela Educação no país. A EDUCAÇÃO QUER MAIS! Parafraseando o tema da 13ª
Semana Nacional em Defesa da Educação (cuja abertura será em Tiradentes, no dia
21/04/2012): A EDUCAÇÃO TRESPONTANA TEM FOME DO PISO SALARIAL.
As educadoras conseguiram sim, na JUSTIÇA, depois
de muita luta, o direito ao piso. Mas o que foi concedido a elas é um tipo de
subsídio parecido ao que o governo de Minas instituiu no estado depois da
greve de 112 dias em 2011, desrespeitando todo e qualquer direito adquirido
pelo servidor durante a sua carreira. Por isso, por causa da ordem da Justiça,
é que elas receberam o reajuste de 22,22%. Agora, é desanimador perceber que um
administrador público só cumpra uma lei se é obrigado pela Justiça. Ai de nós,
pobres mortais se resolvermos descumprir assim as leis. Meu Deus! Como o
serviço público é prato cheio para a injustiça! Haja dinheiro para pagar o
legislativo: primeiro fazem uma lei, depois têm que fazer uma lei para que a
primeira seja cumprida, depois fazem outra... e o objeto da lei não chega a ser
concretizado.
A lei do FUNDEB e a lei do PISO foram feitas
justamente para valorizar a Educação em todos os rincões do Brasil:
especificamente “nas regiões que vivem em
estado de miséria e pobreza absoluta”, regiões onde o professor tinha que
vender banana para complementar uma renda que não chegava a um salário mínimo.
A lei foi feita assim pois sabia-se que só uma educação de qualidade é capaz de
tirar o povo da miséria... A arrecadação daquela região miserável não dá para
receber FUNDEB suficiente para pagar dignamente os professores? A lei já prevê
que este município pode solicitar complementação à União ... (desde que suas
contas estejam em dia). Procurem saber quantos municípios brasileiros pediram
esta suplementação desde que a lei do piso foi instituída...
Repito: a questão não é “ser respeitado o valor mínimo” para a Educação. O FUNDEB é para
pagar tão bem os professores, (que têm o mesmo nível de formação de um advogado,
por exemplo,) de forma que os melhores alunos queiram ser professores, para que
assim, a qualidade da Educação cresça a cada geração. Será verdade que é
interesse da classe política uma efetiva educação de qualidade para o povo? Um
povo bem formado, tem discernimento, e, quem tem discernimento não vota em quem
não aplica corretamente o dinheiro da educação...Novamente é uma questão de
lógica.
“Houve um
movimento de prefeitos em Brasília quando muitos firmaram um pacto no não
cumprimento do Piso Nacional”... isto é o cúmulo da vergonha nacional! Por
que os prefeitos e governadores foram a Brasília? Para conseguir a diminuição
do índice de reajuste do Piso? Por que eles queriam que esse índice diminuísse?
Por que eles sabem que, mais dia, menos dia, eles terão que cumprir a lei
federal e quando tiverem que cumprir querem continuar desvalorizando a
Educação. Que tal também nós fazermos um pacto e não votarmos em nenhum destes
políticos que se orgulham em não valorizar a educação? (Em tempo, uma boa lista
deles está no site da CNTE.)
Foi dito também que este “assunto tem que ser tratado com seriedade e tecnicamente, tirando-o do
cenário político...” Fizemos de tudo para que isto acontecesse no ano
passado, fora do período eleitoral – fomos literalmente “enrolados”. A primeira
a ser procurada foi a Secretária de Educação que disse (em um evento no Centro
Cultural) que esta questão salarial não era de sua alçada mas que ia ver.
Redigimos uma carta à secretária e ao executivo, assinada pela maioria absoluta
dos professores e publicada no Correio Trespontano, enviada também à Câmara de
Vereadores. Ao procurarmos resposta, transcorridos mais de trinta dias do
protocolo, nos disseram que estavam esperando o parecer da secretária de
Educação , da assessoria jurídica e das “finanças”. Procuramos a secretária “que tem um bom relacionamento com os
professores” a qual nos disse que seu parecer não podia ser revelado. Daí
começou a nossa “romaria” de explicações à assessoria jurídica. Isto é “não procurar a secretária e a assessoria
jurídica”? A questão, na verdade, é
que não queremos esclarecimentos: nós estamos esclarecidos e já esclarecemos e
a lei é muito clara: exigimos o que é nosso por lei: o piso e,
consequentemente, o reajuste de 22,22%,
começando a valorizar a EDUCAÇÃO.
“Na
sala de aula é que se forma um cidadão
Na sala de aula é que se muda uma nação
Na sala de aula não há idade, nem cor
Por isso aceite e respeite o meu professor”.
Na sala de aula é que se muda uma nação
Na sala de aula não há idade, nem cor
Por isso aceite e respeite o meu professor”.
Professores Municipais de Três Pontas
2 comentários:
É, me faz entender que muitos de nossos governantes ainda gostam de conservar perto deles pessoas sem educação ,educadores tristes , trabahando em dobro, revoltados, enquanto os novos formando estão desempregados, conseguir uma vaga como, se os mais velhinhos presisão desse complemento pró seu sustento?Nosso município não meresse isso, só espero que com tudo isso acontecendo por aquí nossos PROFESSORES , EDUCADORES MONITORES etc não venham maltratar nossos estudantes que já são tão VUNERÀVIS...
As desculpas são muitas, mas a verdade é que o dinheiro existe.
Será mais fácil devolver o dinheiro a União que repassar aos professores, já que os governantes do nosso município amam Tres Pontas...
ainda dizem que é movimento politico...como assim, existe uma lei, o dinheiro chega até a secretaria de educação mas resolvem que o melhor é devolver (acreditamos que assim é feito) e ainda tem como desculpa movimento político!!??
Querer ter uma vida digna, com dinheiro do próprio trabalho virou movimento político! Onde vocês sr. políticos estudaram?? Não ter dicernimento entre direito e repressão política mostra a educação de Boa Qualidade na formação de vocês.
Peço a toda população de Três Pontas, vamos escolher melhor nossos representantes.
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