quinta-feira, 30 de outubro de 2014

ENTREVISTA “Existem 54 pessoas deficientes incluídas no trabalho formal em Três Pontas”, afirma diretora da APAE

As raízes históricas e culturais do fenômeno “deficiência” sempre foram marcadas por forte rejeição, discriminação e preconceito. Porém, as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais, as APAES, sempre foram as grandes percussoras da inclusão das pessoas com deficiências, quebrando paradigmas e buscando soluções alternativas para que, principalmente as crianças, com deficiência intelectual ou múltipla, alcancem condições de serem incluídas na sociedade, com garantia de direitos como qualquer outro cidadão.
Nesta quarta-feira (29), o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência, a diretora da APAE de Três Pontas e Conselheira da Regional Sul II Maria Rozilda Gama Reis (foto), falou sobre os avanços e disse que há motivos, sim, para comemorar, já que a cada ano melhora as políticas públicas voltadas para as pessoas com deficiência. Na direção da entidade há muitos anos, ela se sente vitoriosa, ao ver que o Plano Nacional de Educação foi aprovado, o que impediu o fechamento das APAE’s e garantiu também o financiamento das escolas especiais.
A APAE atende atualmente 433 pessoas de todas as idades e conta com 91 funcionários, sendo destes, 14 na Área Azul.

ENTREVISTA

ROZILDA GAMA REIS – DIRETORA DA APAE DE TRÊS PONTAS 
A APAE está realizando atividades alusivas ao Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência. Existem motivos a comemorar?
Rozilda Gama – Sim, a cada ano as políticas públicas são mais voltadas para as pessoas com deficiência. As pessoas com deficiência estão mais conscientes e são protagonistas da sua própria história. E comemoramos todas as vitórias. A última e expressiva vitória foi a aprovação do Plano Nacional de Educação, impedindo o fechamento das APAE’s, garantindo também o financiamento das escolas especiais.
Existem números de deficientes em Três Pontas?
Além dos 433 que a APAE atende, temos a Associação dos Deficientes cadastrados, fora aqueles deficientes que declararam deficiente segundo o censo 23% no país e muitas vezes não procuram atendimento, não temos estes dados tabulados. Temos o Conselho dos Deficientes que já foi cogitada a possibilidade de levantarmos um diagnóstico em nosso município para sabermos em que situação se encontra. Portanto existem pessoas com deficiência sem o devido atendimento.
Quais os tipos de deficiência e mais comuns?
A APAE tem como público alvo: deficientes intelectuais. Para a Instituição ter o usuário ou aluno em seu cadastro este deve ter a deficiência Intelectual é claro que realizamos atendimentos a alguns alunos que não tem a DI como os Deficientes físicos, isso pelo fato de não haver outro instituição para atender de acordo com a especificidade da deficiência.
Quem pode ser considerado deficiente?
Deficiente “somos todos nós”… sempre com alguma limitação e isto é o bonito em uma sociedade, não há ninguém que não possua alguma limitação!
Qual a deficiência mais difícil de ser lidada?
Não existe a mais difícil de ser lidada, trabalhamos com comportamentos que advém do diagnóstico ou não; e às vezes por uma falta de conhecimento da patologia o retorno ao tratamento é mais lento.
As famílias hoje aceitam e cuidam mais das crianças com deficiências?
Interessante como as famílias conscientizaram da importância do conhecimento com relação às deficiências, quanto mais conscientes e interessadas às famílias são, melhores resultados obtêm com o usuário e ou aluno.
O tratamento às pessoas com deficiência melhorou nos últimos anos?
Embora estejamos caminhando, para o que consideramos melhora… Mais a evolução foi impressionante, “as APAEs sempre tiveram coragem para enfrentar desafios ganhando a confiança da população o que nos garantiu autonomia e identidade ao longo de 06 décadas da existência do movimento no Brasil”. Não se compara como as coisas a cada ano estão melhorando e melhorando principalmente a qualidade de vida e autonomia dessas pessoas.
Os deficientes estão sendo mais inseridos nas escolas comuns e no mercado de trabalho. Existe ainda receio quanto a isto?
O papel da APAE é prepará-los para uma inclusão mais cedo por isso à instituição antenada com a inclusão inserimos a creche em nossos programas de Educação Infantil temos estrutura e corpo docente aptos, especializados e treinados para encaminhamento à rede comum. Com relação ao receio referente à inclusão: Nenhuma escola pública ou particular pode recusar o aluno em razão da sua deficiência configura crime, tipificado no artigo 8º, I, da Lei federal 7.853/1989. Com relação ao mercado de trabalho, atualmente temos 54 pessoas com deficiência, incluídas no mundo do trabalho formal. O que mais me emociona e sempre digo é saber que muitas vezes, estes que foram os excluídos pela família no passado, hoje são os provedores do lar é fascinante…
A acessibilidade às pessoas com deficiência está o ideal?
Ideal não! Há muito que se fazer… proporcionar as pessoas com deficiência segurança e autonomia, total ou assistida dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos meios de comunicação e informação são acessibilidade que precisamos persistir na escola, no lazer, na saúde, na comunidade. Enfim para que a acessibilidade aconteça é necessário à união dos poderes, instituições, famílias e usuários defendendo os interesses para que de fato possam ter uma vida próxima da normalidade… Sustentando a nossa luta em defesa das pessoas com deficiência, buscando sustentabilidade financeira, novas tecnologias e promover a Qualidade de vidas das Pessoas com deficiência.
Considerações finais.
Agradeço pela oportunidade de estar novamente divulgando o trabalho em prol das pessoas com deficiência.

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