segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Polícia Militar precisa de informações prévias para combater ataques a bancos

A madrugada assustadora e atípica da última quarta-feira (25), ainda não saiu da memória daqueles que residem nas proximidades da Praça Cônego Victor. Porém, o som provocado pelas explosões nos caixas eletrônicos da agência da Caixa Econômica Federal e a grande sequência de tiros disparados, foram percebidos bem mais longe do que no Centro.
O pânico causado se tornou ainda maior porque a cidade de Três Pontas não tinha registrado ainda esta modalidade criminosa. E já na primeira vez, os criminosos em grande número, mostraram um poder de fogo impressionante. De acordo com o comandante da 151ª Companhia de Polícia Militar, Tenente Bruno Neves Tavares, este tipo de ação vem crescendo em todo o Sul de Minas. Criminosos sempre em grande número, vem aterrorizando os moradores, planejam todos os detalhes da ação, quanto a agência bancária, o policiamento da localidade, rotas de fuga, entre outras. As armas utilizadas por essas quadrilhas possuem um poder de fogo considerável como fuzis, 5.56, 7.62, submetralhadoras, calibre 12, pistolas 9 mm, que são os calibres mais comuns.
Na ação deles segundo os primeiros levantamentos, a quadrilha teria utilizado pelo menos quatro veículos. Porém, nas imagens do circuito interno da agência apenas um carro para em frente ao prédio, um Ford Fusion. Eles utilizaram um pé de cabra para arrombar a porta e colocam os explosivos que rapidamente são acionados. Foram pelo menos duas grandes explosões.
Enquanto isto, o restante da quadrilha está fechando os acessos, impedindo qualquer movimentação ou aproximação, principalmente da polícia. Pelas informações, havia assaltante pronto para o confronto, na esquina da Praça Tristão Nogueira, na Rua Dona Isabel e próximo a Herma do Padre Victor. Um vizinho que mora em um prédio, escuta os tiros, abre a janela e é surpreendido por um disparo efetuado em direção ao seu quarto onde ele dormia.
Assim que o bando deixa o Centro, em segurança, a Polícia Militar já havia acionado o cerco bloqueio em diversas cidades da região. Além do reforço local, com uma chamada geral aos militares que estavam em casa, equipes da PM Rodoviária Estadual, Companhia Tático Móvel e do 24º Batalhão logo chegaram e iniciaram a ‘caça’ aos criminosos.
Para dificultar, eles teriam se separados. Os veículos seguiram trajetos distintos, pela Peret ganhando acesso à MG 167 pela estrada vicinal que dá acesso ao bairro Jardim Greenville; pela Avenida Ipiranga e pela saída da estrada de terra de Campos Gerais.
Durante o período da manhã, o veículo Fusion que aparece nas imagens é encontrado abandonado em um cafezal, entre Campos Gerais e Boa Esperança. O carro estava com a placa clonada. Um detalhe que chama a atenção é que foi muito perto dali, que os bandidos que a poucos dias deixaram o carro usado no sequestro e assalto a agência do Sicoob em Boa Esperança.
“Nada neste momento é descartado, pois pela localização do carro, a rota de fuga pode ter relação. São várias hipóteses que vamos levantando, mas as investigações agora ficarão a cargo da Policia Federal, que vai catalogar todas as informações para buscar a autoria do fato na fase de investigação”, explica Bruno Neves.
Ele acrescentou que já foram feitas várias operações no sentido de coibir este crime, mas, sem ter informação prévia,  podemos sim sermos surpreendidos com esse tipo de ação, e destaca que há casos em que o policiamento ao se deparar com esses meliantes tem muita dificuldade em diferenciar bandido e pessoas da comunidade, uma vez que rendem pessoas que ali transitam e as utilizam para dificultar nossas ações a exemplo da explosão de duas agencias bancárias na cidade de Santana da Vargem, dentre outros crimes desta natureza.
Tenente Bruno revelou que no final do ano passado, foi montada uma operação durante a madrugada, com cerca de 20 PM’s em 6 viaturas, que estavam devidamente preparados para o confronto. Isto porque, havia a informação de que bandidos iriam atacar a uma agência de Três Pontas com grande possibilidade de ser a Caixa Econômica Federal. Porém os infratores desistiram da ação, sendo presos posteriormente com explosivos, durante operação deflagrada em Três Corações.
“Nós temos uma tarefa, um desafio pela frente, que é o de enfrentar não só os assaltos a caixas eletrônicos, que vem abastecendo cofres de organizações criminosas, pois para combater a essa atividade criminosa que tanto nos preocupa é necessário o envolvimento de todos, mas o que se percebe é um jogo de empurra sobre as responsabilidades de cada um, pois as instituições financeiras, cada vez mais, direcionam seus investimentos para segurança virtual, ao invés de dispositivos nos caixas eletrônicos que dificultem a ação dos bandidos, como dispositivos de fumaça e um sistema automático de incineração de notas, como proposto anos atrás pelo então secretário de Segurança Pública de São Paulo, hoje Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, em reunião junto a FEBRABAN”, ressaltou o comandante.
Quanto às criticas à Policia Militar nas redes sociais, Tenente Bruno Neves informou que não tem hábito de ficar acompanhando as redes sociais, mas entende que cada um é livre para expressar suas opiniões, sendo que a Policia Militar está aberta ao debate, desde que pautado em bases racionais, não em imposições preconcebidas, sobre o que acham que a policia deva ou não fazer. “Infelizmente essas postagens doentes que mostram simpatia diante da delinquência e hostilidade à polícia, parecem que se transformaram em uma questão de princípio ou uma atitude “socialmente avançada”. Essa é minha percepção e entendo que toda escolha tem sua consequência,” concluiu o Tenente da PM.

A imagem mostra como ficou a agência onde funcionava os caixas eletrônicos

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