domingo, 15 de maio de 2011

COMEÇA a colheita do ‘ouro’ em Três Pontas

* A Capital Mundial do Café produzirá cerca de 462.500 mil sacas e gerará cerca de 8 mil empregos, aquecendo a economia do município que mesmo com indústrias tem na monocultura do café sua principal fonte de renda


Denis Pereira
Voz da Notícia

A época mais esperada por todos os trespontanos enfim chegou. Tempo que o comércio aquece suas vendas e consequentemente contrata mais mão de obra. As casas de materiais de construção, supermercados, lojas de móveis e roupas faturam mais. A colheita do café, apesar da chegada de grandes empresas no setor de fabricação e da indústria têxtil, continua sendo a maior fonte de renda de Três Pontas.
Na última semana de abril, os produtores começaram a tirar o grão do pé, mas, foi no início deste mês que os cafeicultores intensificaram os trabalhos.
A estimativa da Emater-MG de Três Pontas foi divulgada esta semana à imprensa e segundo os dados, a cidade tem 4 mil hectares de lavoura em formação e ou recuperação. Uma área total de 22.500 hectares, sendo 18.500 em produção.
Segundo o engenheiro agrônomo do departamento, Eduardo Mauri Mendes, levantamentos junto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e as cooperativas, calculam que sejam colhidos 25 sacos por hectares. Assim a produtividade chegue a 462.500 mil sacas de 60 quilos. Por causa da bianualidade, haverá a queda na produção como já esperado. “Porém a qualidade do produto está muito boa, por causa de uma florada e maturação uniformes, resultado do clima e das chuvas que vieram na hora e na quantidade ideal”, afirma o agrônomo. Em 2010, ano de safra alta, o município produziu 506 mil sacas.

De acordo com o presidente do Centro do Comércio de Café do Estado de Minas Gerais, Archimedes Coli Neto, apesar de ser uma safra menor em relação com a do ano passado, há um grande otimismo para os envolvidos na cadeia cafeeira, principalmente os produtores. “Os estoques estão muitos justos. Vamos entrar numa safra limpa e leve, com perspectiva de continuidade nos bons preços e de uma boa qualidade no produto”, disse Archimedes. O mercado de café veio durante o ano de 2010 subindo desde a colheita até o final de safra. A expectativa da safra deste ano de 2011 é menor em comparação com a de 2010 e estima-se que seja de 45 milhões de sacas no país e em Minas Gerais de 20 a 22 milhões de sacas.

Cuidados pós colheita são essenciais para a qualidade do produto
Mas de pouco adianta colher o café na hora certa se não forem tomados os devidos cuidados na pós colheita, o que pode afetar o sabor da bebida. “Passar no lavador, separar os grãos, fazer a secagem uniforme e evitar o ataque de pragas ou fungos na armazenagem é o que garante um produto de qualidade, que pode ser vendido por um preço mais elevado”, orienta Eduardo Mauri Mendes.

Terreiros de lama asfáltica: prático, rápido e muito mais barato
A Emater de Três Pontas, está incentivando os produtores a construir terreirões de café com lama asfáltica, opção bem mais prática e muito mais barata. O engenheiro conta que as vantagens são o baixo custo. Só para se ter uma idéia, o metro quadrado gira em torno de R$3,5 a R$4, e não onera o bolso do cafeicultor que nesta época do ano já tem muitas despesas. Diferente do tradicional que custa em média R$15. “Qualquer pessoa como os funcionários da fazenda mesmo podem fazer, com as orientações que repassamos e fazemos o acompanhamento da obra. O segredo é a compactação do terreno. A secagem é tão rápida, que em 48 horas depois de construído o café já pode ser espalhado. Para obter informações sobre o assunto, basta procurar a sede da Emater na Rua Frei Caneca.
* Na foto, o engenheiro agrônomo Eduardo Mauri Mendes e o funcionário da fazenda Nailson Santos Ferreira onde o terreirão de 1,5 mil metros quadrados já foi construído

Sindicato estima que colheita deve gerar 8 mil empregos
Novidade é a contratação de menores entre 16 a 18 anos em meio período
É hora de arregaçar as mangas, pegar estrada e ir para a lavoura. Esta já está sendo a rotina de cerca de 8 mil trespontanos, segundo aponta o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Três Pontas, envolvidos direta e indiretamente com a colheita do café no município. Mesmo em uma safra mais curta, que deve terminar em provavelmente em agosto e não em novembro ou dezembro, como já foi registrado. A redução é resultado do crescimento da mecanização que está presente em pelo menos 70% das propriedades cafeeiras.
Um Termo Aditivo assinado para a colheita deste ano trás algumas mudanças importantes que segundo o presidente do sindicato, Vicente José da Silva (foto) vai trazer mais segurança aos trabalhadores, resultado da luta do órgão junto aos órgãos que defendem o trabalhador.
Não muda a questão dos equipamentos de segurança, como aspirador (máscara), óculos de proteção, calçado fechado, chapéu ou boné capaz de proteger bem o rosto. Em caso de uma fiscalização o produtor pode ser multado e o prejuízo ser bem maior, alertou Vicente.
Entre as cláusulas alteradas, está a da questão salarial. O subsídio do trabalhador em vigor desde abril é R$560 e não mais R$545. O empregador mesmo contratando por produção, o safrista não pode receber mesmo que o mínimo exigido por lei. Na contratação, o prazo para quem está empregando devolver a Carteira de Trabalho que era de 48 horas, agora são de 6 dias. Porém na rescisão, são 10 dias para  fazer a devolução da carteira.
Quando iniciar a colheita, é preciso exigir o registro, pois vai ficar bem mais difícil comprovar para a Previdência Social que você trabalhou no período se não estiver documentado.
A grande novidade é questão do menor, que a partir de agora, pode ser contratado. Porém as regras são claras. O jovem entre 16 e 18 anos, pode trabalhar no período de 4 horas, mas, não pode usar máquinas como tratores, ou equipamentos perigosos e nem estar exercendo função insalubre.
Em função destas alterações a fiscalização deverá ser maior por parte do Ministério do Trabalho e Emprego.

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